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O sonho de ser jogador de futebol

Olá Pessoal, meu nome é João, tenho 16 anos e desde cedo venho me destacando na equipe de Futsal de minha cidade. Meu treinador me aconselhou a fazer testes em algum grande clube, porque não podia esperar muito por causa da idade.
Minha família sempre foi de origem humilde, meu treinador que paga as passagens para meus treinamentos, então resolvi ir fazer um peneira em um clube da capital.
Chegando lá, o coordenador da peneira perguntou onde estava meu empresário, eu disse que não tinha, e ele já me olhou torto, pegou os 50 reais da inscrição e mandou que eu esperasse a chamada. Achei estranho, porque outros garotos chegavam com empresários e já colocavam o uniforme para o treino, já com a equipe, em um outro campo.
Cheguei ao centro de treinamento ás 7:00 da manhã, às 10:00hrs fui chamado junto com outros 140 meninos que alí estavam para colocarmos o uniforme de treino.
Ao perguntarem minha posição, disse que era meia-esquerda, mas o homem com a prancheta já me interrompeu e disse que eu ficaria na lateral-esquerda, ou senão não treinaria. Não pude recusar, mesmo não sabendo nada de marcação e como um lateral-esquerdo deveria se portar na linha defensiva.
Começou o treino, e até que me dei bem na lateral, já que muitos garotos não tinham muita qualidade para estar alí. Após 5 minutos em campo, foi então que os 140 meninos reduziram-se apenas a 5, e eu estava entre eles. Já estava emocionado e fiquei sabendo que teria mais um treinamento no período da tarde. Como não tinha dinheiro para ir e voltar, esperei alí mesmo, sem almoçar.
Quando o treino da tarde estava para começar, chegaram mais dois ou três garotos, muito altos e fortes, junto com um empresário. Não tive medo, já que também sou alto para minha idade.
No decorrer do treino, eu me destacava, consegui dar assistências e até marquei meu gol, contra a equipe que já era formada..
Estava realizado e feliz, sabendo que de todos que fizeram o teste, eu tinha me destacado. Só que quando o coordenador da peneira começou a falar dos nomes, percebi que não fui chamado e os atletas que passaram no teste foram os três que chegaram depois de todos e que não jogavam nem metade do que os outros. Fiquei extremamente triste, porque sabia que eu tinha qualidade para jogar alí, que eu merecia estar alí, e que perdi os 50 reais que meu pai havia me dado após fazer inúmeras horas-extra no trabalho pra que eu fizesse o teste.
Cheguei em casa chorando, disse que não havia passado, e meu pai disse que a partir daquele momento teria que ir trabalhar com ele, para ajudar a sustentar minha família. Não conseguia acreditar que meu sonho não iria se tornar realidade.

Fiquei ainda mais triste em saber, que na peneira que fiz, os únicos que foram aprovados eram filhos de "alguém" e possuiam um ótimo empresário. Me perguntei porque o futebol estava se tornando ainda mais difícil para quem não possui condições familiares e nem conhece alguém importante.

Começei a jogar junto com os homens que trabalhavam comigo e com meu pai, após o expediente, e sempre me destacava, até que fui chamado para jogar um torneio amador. No torneio, em meio a pessoas de todas as idades, acabei sendo um dos melhores em campo na final, e um homem de aparência simpática foi falar com meu pai, dizendo que queira ser meu empresário e que eu ainda jogaria em algum grande clube do país. Ficamos alegres com aquilo que parecia ser uma ótima oportunidade batendo em minha porta.

Certo dia, este homem chegou em minha casa e disse que eu e ele viajaríamos pela Europa fazendo testes, começando por Portugal. Meu pai logo autorizou ao saber que eu ganharia bastante dinheiro para ajudá-lo. Só que meu pai deveria dar uma garantia para ele, de 25mil reais, para custos extras, caso acontecesse algo comigo. Como não tínhamos dinheiro, meu pai correu ao banco e pegou um empréstimo que levaria anos para ser pago.

Mesmo assim, todos estavam contentes, já que meu empresário já tinha se tornado parte da família. Chegando ao aeroporto em Portugal, ele me levou em uma cidadezinha pequena, e disse que eu passaria 15 dias no Centro de Treinamento do clube para treinar. Os portões do clube ainda estavam fechados, ele pegou o carro e disse que compraria algo para comermos, e pediu que eu esperasse alí, para vislumbrar meu futuro olhando pelo portão as depéndências do clube.

Ele não voltou. Tentei explicar para algum homem dentro do clube que estava inscrito para 15 dias de testes, mas o mesmo disse que o período de testes já havia terminado e só haveria outro em 6 meses. Falei que era do Brasil e que estava acompanhado de um empresário. O homem respondeu que não via ninguém próximo de mim naquele momento. Então minha ficha caiu, estava alí, sem dinheiro, sem comunicação, perdido em um país estranho.

Agora trabalho de ajudante em um restaurante aqui, para poder juntar dinheiro e conseguir voltar para minha família. O dono é brasileiro, mas diz que não pode simplismente me "dar" o dinheiro para que eu volte, então tenho que trabalhar. Falo com meus pais semanalmente, vejo o quão tristes estão, sabendo que nada podem fazer para me ajudar. E o futebol, o sonho tornou-se um grande pesadelo real em minha vida.

Obs: Esta é uma história fictícia, que visa alertar sobre os perigos e realidades do futebol.

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